Chamada de Artigos – Educação, Formação & Tecnologias (v. 14, n.º 1, 2026)
A linguagem e o pensamento constituem expressões fundamentais da atividade da mente ao longo do desenvolvimento humano e dos modos pelos quais as experiências se organizam em representações. Desde as formas mais elementares de perceção até às operações mais complexas de abstração, o pensamento emerge como um processo contínuo de mediação entre o sujeito e os contextos físicos, sociais e culturais. Compreender a atividade da mente implica, portanto, compreender também o papel dos artefactos simbólicos e técnicos que configuram as condições dessa mediação e do próprio desenvolvimento cognitivo.
A linguagem foi o primeiro grande artefacto mediador neste processo de elaboração das representações da mente. Como assinalou Jack Goody (1977)*, ela representa “a domesticação do pensamento selvagem”, ao estabelecer as condições para o desenvolvimento da racionalidade simbólica e narrativa, por meio da qual a experiência se transforma em representação social e mental. Assim, a linguagem constitui um dispositivo cognitivo essencial na mediação da atividade da mente, em particular no desenvolvimento das narrativas multimodais e digitais.
A narrativa, em todas as suas formas, permanece como instrumento poderoso da educação, ao favorecer a criação de modelos mentais para a compreensão e a interação com os contextos de experiência humana e de construção do conhecimento.
Com a emergência dos sistemas de Inteligência Artificial (IA), a mediação cognitiva adquire uma nova dimensão, marcada pela complexidade dos processos de cognição híbrida. Este conceito designa a interação entre a mente humana, intencional e reflexiva, e os artefactos inteligentes que atuam como extensões e expansões virtuais dos processos de pensamento, memória e compreensão. Parte-se aqui do princípio de que a cognição humana é distribuída por uma rede de artefactos, sistemas técnicos, ambientes e contextos socioculturais.
Neste quadro, torna-se essencial repensar os modelos e cenarizações da Educação, de modo a redesenhar os espaços e momentos de aprendizagem enquanto formas de diálogo sociotécnico entre atores humanos e não humanos. Refletir sobre a cognição híbrida significa, portanto, compreender as novas ecologias da mente e os modos como a IA redefine as práticas pedagógicas, a agência humana e a criação de conhecimento.
- Ética, criatividade e agência humana em contextos híbridos;
- Modelos pedagógicos e práticas educativas mediados por tecnologias digitais e IA;
- Aprendizagem social e colaborativa em redes de atores humanos e não humanos;
- Narrativas digitais e cognição híbrida na Educação;
- Cenarizações para a formação de professores no domínio da cognição híbrida;
- Avaliação das aprendizagens em ambientes emergentes
- Submissão: até 28 de fevereiro de 2026
- Avaliação e revisão: até 30 de maio de 2026
- Publicação: junho/julho de 2026
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_________* Goody, J. (1977). The Domestication of the Savage Mind. Cambridge University Press.